Não interessa aos libertários saber quantos são, pois nas suas hostes não se recrutam agentes do poder e muito menos se atribuem números aos militantes. (carlos fonseca)

"Sou um bug ou dois na minha vida". (lena berardo)

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

No Carnaval de 2012 o Porfírio, um amigo filósofo, deixou no facebook um desafio. Respondi-lhe e encontrei agora o texto, aqui numa pasta. O desafio do Porfírio era: "Fecho os olhos e vejo um bando de pássaros. A visão dura um segundo ou talvez menos; não sei quantos pássaros vi. Era definido ou indefinido o seu número? O problema envolve o da existência de Deus. Se Deus existe, o número é definido, porque Deus sabe quantos pássaros vi. Se Deus não existe, o número é indefinido, porque ninguém pode fazer a conta. Nesse caso, vi menos de dez pássaros (digamos) e mais de um, mas não vi nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três ou dois pássaros. Vi um número entre dez e um, que não é nove, oito, sete, seis, cinco, etc. Esse número inteiro é inconcebível; ergo, Deus existe. (Jorge Luís Borges". A minha resposta: O que vou dizer não está provado cientificamente. Faz apenas parte do meu imaginário contrariando a hipótese de que o que não está previsto não existe, que é uma das frases com que me tenho debatido na minha tese. Se ao fechar os olhos vi pássaros, mesmo não sabendo quantos são, estou a dar-lhes existência. A existência não tem que ser quantificável mas se vi um bando de pássaros e a sua quantificação é necessária terei que conceber um número maior que quatro, já que quatro é um número bastante fácil de contar mesmo que seja em visões. É relativamente pequeno e fácil de quantificar e até poderia ter feito a contagem de dois em dois. Se fossem cinco pássaros talvez me despertasse a atenção o facto de que havia um pássaro que não tinha par. Até talvez sentisse alguma nostalgia ao ver um pássaro sozinho num bando e então a palavra bando deixaria de fazer sentido. Bando implica companhia, companheirismos e um pássaro a voar sozinho não se engloba nesse conceito. Logo, também não eram 5 pássaros. Se o número for superior a esse já se torna mais difícil de fazer essa contagem num curto espaço de tempo. Estou a ver os pássaros e não estou preocupada com pormenores de somenos importância, como por exemplo o número deles. A não ser que eles se agrupassem geometricamente, sei lá, de forma a fazer uma fila dupla. Acho que conseguiria contar três filas de dois pássaros cada. A partir daqui já me vejo com alguma dificuldade de visualização numérica. Estamos perante um quadro numérico [7,10]. Se os pássaros voavam teriam que estar vivos, caso contrário não conseguiriam voar ou tê-los-ia visto caídos no chão. Assim tenho apenas pássaros inteiros e o número é natural. O quadro numérico é {7, 8, 9, 10}. Hoje ao almoço comi arroz de polvo e um dos tentáculos tinha 10 ventosas. Não acho provável ter um tentáculo de polvo no meu prato com o mesmo número de pássaros da minha visão. Passamos a um universo de três números de apenas um algarismo cada. Não me parece necessária a existência de um Deus para quantificar 1 número entre 3, porque seguindo a frase “primus inter pares” só existe um número primo entre os números 7, 8 e 9 e esse número é o 7. Logo, o bando tinha 7 pássaros. (nota: não sei é assim que se escreve primus inter pares. :) (Carnaval 2012- Fevereiro)

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