segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
Pombal
"Pombal". Escultura de Oscar Niemeyer em estrutura de madeira para abrigar as pombas na Praça dos Três Poderes em Brasília.
Estou como as pombas.
Invento-me e multiplico-me.
(E não saio da praça.)
Pragas sem fim que crescem em voos livres e que pairam sobre os prédios das cidades.
Que sujam.
Pragas amaldiçoadas pelas gentes que não percebem a liberdade.
Que não a têm, não a vêem.
Não a sabem.
(E não saem da praça.)
Homens e mulheres encalhados com pés soltos que não sabem andar.
Caminham para trás.
Para os lados.
Para a frente não que têm medo da descoberta.
(E não saem da praça.)
O futuro tem que ser programado. Delineado ao mínimo pormenor.
As suas asas já não têm pontas. Já não sabem voar.
Não sabem ler o que o vento diz nas nuvens que passam.
Sempre mutáveis.
(E não saem da praça.)
É necessário escutar. Estar com atenção. Esperar...
Mas o Homem não tem tempo.
Quer já. Agora.
E passa com passo rápido, apressado, afastando as pombas do caminho.
(E não saem da praça.)
Mas as pombas apenas estão.
Na praça.
E eu olho para elas.
Sentada, parada, encalhada.
Olho para elas.
Continuo a aprender a ler.
E olho para elas.
(E não saio da praça.)
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