Não interessa aos libertários saber quantos são, pois nas suas hostes não se recrutam agentes do poder e muito menos se atribuem números aos militantes. (carlos fonseca)

"Sou um bug ou dois na minha vida". (lena berardo)

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Pombal


"Pombal". Escultura de Oscar Niemeyer em estrutura de madeira para abrigar as pombas na Praça dos Três Poderes em Brasília.

Estou como as pombas.
Invento-me e multiplico-me.
(E não saio da praça.)

Pragas sem fim que crescem em voos livres e que pairam sobre os prédios das cidades.
Que sujam.
Pragas amaldiçoadas pelas gentes que não percebem a liberdade.
Que não a têm, não a vêem.
Não a sabem.
(E não saem da praça.)

Homens e mulheres encalhados com pés soltos que não sabem andar.
Caminham para trás.
Para os lados.
Para a frente não que têm medo da descoberta.
(E não saem da praça.)

O futuro tem que ser programado. Delineado ao mínimo pormenor.
As suas asas já não têm pontas. Já não sabem voar.
Não sabem ler o que o vento diz nas nuvens que passam.
Sempre mutáveis.
(E não saem da praça.)

É necessário escutar. Estar com atenção. Esperar...
Mas o Homem não tem tempo.
Quer já. Agora.
E passa com passo rápido, apressado, afastando as pombas do caminho.
(E não saem da praça.)

Mas as pombas apenas estão.
Na praça.

E eu olho para elas.
Sentada, parada, encalhada.
Olho para elas.

Continuo a aprender a ler.
E olho para elas.
(E não saio da praça.)

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